quinta-feira, 29 de maio de 2008

ancorado

a chuva pinga lá fora
numa calma tão suave
que me leva embora
que me deixa sem hora

e no brilho do relâmpago
aguardo no som do trovão
o dia em que me virá então
um amor sem ilusão

fico assim,
um barco sem porto
perdido num mar morto
sem nem uma ondinha
para me dar uma emoçãozinha.

terça-feira, 27 de maio de 2008




você é só um pingo
no meio de um temporal.
uma gota d'água,
que rapidamente conhecerá seu destino,
assim como todas as outras.

torça para que caia numa folha
e que essa folha te segure.

torça mais ainda para que não caia numa folha
que acabe não te segurando.

por que aí,
aí é melhor conhecer o
l a r g o
e
duro
CHÃO.

claustrofobia

no quarto completamente escuro,
me fazem companhia as luzes do rádio-relógio.
são quatro e vinte e seis.

sinto
cada
segundo
passar
lento
e
pesado
como
um
elefante.

fecho os olhos.
eu falo para mim mesmo que não mereço isso.
eu mesmo retruco e digo que mereço sim.

abro o olho esquerdo apenas;
passou um minuto.

fecho o olho.
no instante em que tento voltar a dormir,
volto a pensar no que me tira o sono.
o seu rosto ainda não saiu da minha cabeça,
e não tem data para sair.

abro os olhos:
quatro e quarenta e sete.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

energy

não tá escrito made in china no meu braço.
não tenho eletrodos no meu corpo.
não tenho captadores nem pólos positivos ou negativos.
não tenho nenhuma corda para rodar.
não tenho espelhos solares.
não tenho carburador.
não tenho tomada.
não tenho fornalha.

o que me dá energia é outra coisa.

e eu não tenho.

até onde vou?

blalala


nasça. não se preocupe com nada. divirta-se. tenha uma boa educação. seja um bom aluno. passe de ano. comece a estudar mais sério. foque-se nos estudos, mas não se esqueça do lazer. faça esportes. seja sempre você mesmo. aprenda a tocar violão. não use drogas. conheça uma menina. apaixone-se. use sempre camisinha. preste o vestibular. entre numa boa faculdade. fique mais culto. conheça outra menina. apaixone-se novamente. faça amigos. estude bastante. arranje um emprego. trabalhe honestamente. se case. tenha filhos. seja promovido. aprenda a cozinhar. tenha netos. aposente-se. aprenda a dançar. morra velho de alguma doença de velho.

a vida é tão simples.

agonia

só eu e você, bloguinho,
sabemos do meu segredo.
eu mostro os dentes pras pessoas
e elas acreditam que estou feliz!
e ninguém ainda percebeu
que suicidei meu âmago sem medo,
para o bem de outras pessoas.
e olha que de uma,
queria eu o mal.
e porquê ninguém nunca vai saber
e ninguém nunca vai entender
e assim calado vou viver.

domingo, 25 de maio de 2008

a box full of memories

lookin' at the box
feeling her scent in the air
and her taste when i'm sleeping
ooh it's freezing

and she'll never know
oh, she'll never know

killin' my happiness
to give back her own
and she won't believe me when i say
and she'll never know

'cause i went off and left
and i stabbed my own heart
to put a smile on that face again
and oh, it's so sweet that i think it's worth

and oh, she'll never know...
and oh, she'll never understand

i think i just rather to be incomplete
than not being able to complete her
and if this doesn't justifies me
i don't know what would

i don't think i want
to fall in love again
with anyone

and she'll never know
and i don't expect her to understand

please hun, just realize
this is the proof of a lifetime
in this world we're living
there's no love like mine.

and i don't expect you to understand my acts
and i don't expect you to know my feelings
and i just hope you'll get to be happy
and i just want you to be happy

and no, you'll never know
you'll never know..

_________

momento elliott smith
comprem meu cd quando sair tá.

chuá

ao avesso
ao contrário
na contra-mão
sem direção

muitas pessoas
poucos amigos
um vago sorriso
prum caro motivo

as luzes da cidade
que nunca se apagam
me expoem ao mundo
com uma certa maldade

meu rosto,
cansado,
maltratado,
molhado.

o sacrifício é adorável.

terça-feira, 20 de maio de 2008

desabafito versos/prosa/versos

fico nervoso
angustiado
e falo idiotices
e coisas terríveis.

o fato é que só me apaixono cada vez mais
e cada vez mais.
cada vez que mexe no cabelo,
faz uma expressão engraçada,
me faz rir.
me coloca um sorriso que ninguém pode tirar.

eu penso aqui comigo, será que ela quer mesmo ficar sozinha? e aí me respondo: não, claro que não, ninguém quer ficar só. namorar a solidão é uma tarefa impraticável de desespero certo. beijar os lábios inexistentes do vácuo só pode trazer mais confusão. mas o que acontecerá então? pois amar quem não quer amor é da mais difícil missão... Mas tontos os que desistem, esses não merecem minha preocupação. só quero saber o que acontece naquela cabeça, para assim saber o que fazer na minha contemplação. será possível vencer essa atroz e ferrenha batalha para assim ganhar para mim (e só para mim) aquele enorme coração?

um pacote pequeno
com um enorme conteúdo.
a embalagem é linda,
o que vem dentro é mais ainda.

aceitar a desistência
é tarefa de quem só diz assim
"te amo, te amo, te amo"
enquanto o peito diz "será será será".

continuar essa corrida e manter a rapidez, acordar toda manhã lembrando com toda sensatez dos sonhos bons, querer vê-la rir mesmo quando sofrer, cuidar mais do que cuida até de você. querê-la perto e simplesmente, pois o bem que fazem aqueles olhos só faz mais aquela boca, ter como remédio um sorriso de timidez. ser um, e apenas um, tamanha a ligação que é não só intelecta mas muito também física.

não sei mais aprender
não sei mais esquecer
o que sei eu vou manter
o que sei é te querer.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

song to sing when i'm lonely

me entrego perdidamente
a esse sentimento tão diferente.
me deixo carregar ao infinito
olhando em volta, achando tudo tão bonito.
a vida tem mesmo sentido, afinal.
o mundo não é feio,
como é dito no jornal,
o mundo é lindo como são os devaneios.

já não me importo com os freios,
já não me importo com os meios.
só há uma direção a andar
só há uma condição a aceitar

e o que me resta
se você for assim
pra longe de mim
fico olhando da fresta
e o que me guarda o destino
sabe lá quem souber

que seja suave no que me vier
que não me tire
desse perigo
que é
te amar sem saber
que é
te querer sem te ter
que é
sonhar com o poder.
poder te amar
poder te ter.
só ser
se for pra ser com você

_________

até fiz os acordes pra ela, num momento de animação. haha.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

divagações avulsas 3

eu ainda lembro de quando era bem mais novo,
no alto dos meus 10, 11 anos,
quando já sabia do que viria pela frente.

eu recordo que sabia que quando adulto
iria beber cerveja brahma
e me imaginava fumando free,
pois eram esses que meu pai fumava e bebia.

e ai de quem vier me dizer
que meu pai é/foi uma má influência.
ele sempre escondeu de mim seus vícios e prazeres,
os que o velho sabia que podia fazer mal.

culpem a criança curiosa,
que queria saber tanto o quê,
o quê podia deixar seu velho pai
mais relaxado após um dia nervoso.

e me lembro muito bem de ouvir o tempo todo
com os pequenos e puros ouvidos
incessantes palavras de chico,
que me ensinou muito mais
do que muita gente que pensa ter ensinado.

me lembro de assistir filmes antigos,
filmes em línguas estranhas,
e apenas filmes legendados.
cores diferentes, cores belas,
cores estranhas,
sons que me deixavam apavorado,
sons que me levavam à loucura.

descobri os santos remédios,
que usados com sabedoria,
são mais prazerosos e tranquilizantes
e muito menos viciantes.

me sinto idiota agora
de tanto brigar com as duas pessoas
que tanto me ensinaram
que tanto me fizeram ser quem sou:
alguém que nasceu imperfeito
e morrerá imperfeito.
mas que sabe que sempre tentará,
sem nunca desistir,
alcançar um estágio que não a perfeição,
mas um estágio de muito orgulho próprio.

turbilhão

pros outros tudo resolvo
mas pra mim
me sufoca
me aperta
me afoga
me desconcerta
me esmaga
me coloca no vazio
me coloca numa caixinha
com paredes que encolhem.

de repente encontro no ar um suspiro
e parece que sim, novidades podem vir.
não sei, tenho tanta esperança.
mas minha falta de passado
me põe em xeque o futuro.
quem confia no inexperiente?
quem confia no que nunca fez,
mesmo confiando em sua capacidade?

continuo esperançoso,
pois joguei tudo o que tenho.
se ganhar, me faço o homem mais feliz.
se perder, o menos.
o risco é alto, mas pulei de cabeça.
meus sentimentos ficam à flor da pele,
enquanto adoro o bom e choro o ruim,
como se fosse a primeira vez que sente,
esse pobre e já velho inexperiente,
essas sensações de adolescente.

que me venha o futuro,
com paz angelical
ou com espadas de fogo.
eu, me conhecendo,
sei que posso confiar,
e já posso ver em sonhos
essa paz que eu não canso de idealizar.

domingo, 11 de maio de 2008

na tua presença

num mar de ternura e glória me afogo.
deixo meus pulmões se enxerem dessa água pura,
que ao invés de sufocar e matar logo
o amor que tenho expondo se acusa.

o ar, mais leve que o comum
me esvazia a cabeça cheia.
problemas se vão um a um,
não há mais nada no mundo que me chateia.

as cores, assim tão simples,
ficam muito mais complexas.
o vermelho não é só vermelho,
o azul não é só azul.
o vermelho é amor, com ele me incendeio.
o azul é sentimento, por ele me baseio.

as flores ficam mais perfumadas,
o céu se abre em cristalinidade.
as estrelas antes apagadas,
agora brilham com tanta intensidade,
que confundo o brilho delas com o do teu olhar.

na tua presença entro nesse estado,
nesse clima de sublimação.
eu encaro o meu fado,
de te amar e adorar até morrer esse vivíssimo coração.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

minha varanda

Do maço ela escolhe dois sortudos cigarros.
Sim, eles serão fumados em breve, mas são sim sortudos,
pois antes de se entregarem à combustão,
provarão de sua doce e imperatriz boca.

Ela acende os dois ao mesmo tempo
e logo me entrega um.
Dividimos uma cerveja qualquer.
O copo é barato, o cigarro, genérico.
O lugar, desimportante.
Às vezes é o chão gelado quem nos abriga,
enquanto brilha a lua sobre nós.
Há motivo pela falta indiferença à classe,
ao desdém pela nobreza:
de nobre, já basta nosso amor, nossa paixão,
em sua bela e suave perfeição.
Basta não: excede.

Enquanto estamos juntos, de nada importa o mundo..
Que todos durmam enquanto ficamos aqui acordados,
pois tamanha pureza de sentimento tão profundo
em paz deve ficar ao ser assim coroado.

Para longe quero te levar,
e daqui, nada mais carregar.
De perto de você, não quero mais sair.
Longe de você não conseguiria mais rir,
e se não para você, para mais ninguém poderia me entregar,
entregar inteiro sem medo de me ferir.

Só quero te fazer sorrir,
só quero te amar.
Você já me faz sorrir,
e agora te ensino a me amar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

diálogo cardíaco

venho assim, tímido e novo,
pedindo calma e paciência,
pois sempre fui dos mais sozinhos,
e me entrego assim em tua essência.

como pode ele tão novo,
me ganhar assim dessa maneira?
ele assim, do meio do povo,
que achei no meio no meio da peneira?

____________

me entrego e me dou.
não sou mais de mim.
me entrego inteiro para ti,
torcendo feliz para que não tenha fim.

sente-se mesmo assim por mim?
pois então também me entrego.
e só te peço assim:
me faça feliz para que não tenha fim.
______________

te completo e te sustento,
não se assuste, ainda é tempo,
pois o amor vem surdo e lento,
soprado devagar pelo vento.

será que isso pra mim é nada?
será que isso pra mim é tudo?
será que será um conto de fada,
será que será um conto de bruxo?
_____________

me joga numa tormenta,
no olho de um furacão.
me joga de um lado e pega do outro,
e nem ligo, gosto da emoção.

me beija e me coroa,
de repente me abate,
me conquista e me destoa.
esquece da minha fragilidade?
___________

no fim, somos nós que reinamos,
reinamos entre si.
não sei se você sabe, mas nos completamos
já não se sente mais no mundo o que sinto por ti.

já passei por muita frustração,
sabe que essa dúvida não me vem em vão.
mas pouco sabes que também me tem,
e muito sabes que só o quero bem.
___________

adoro você.

demais.

adoro você.

divagações avulsas 2

não sei dos meios
mas sei dos fins
os fins me alegram
e encorajam para os meios.

sentimentos contidos

prendo meus sentimentos todos numa gaiolinha,
para que logo mais,
quando restaurada a paz,
possa soltar todos de uma só vez
de forma que nos acompanhem em seus múltiplos formatos,
infinitas cores, e preciosas alusões
e nos sigam para sempre
em nossa jornada infinita
rumo à felicidade.

divagação avulsa 1

quem não fuma,
quem nunca experimentou o prazer de uma tragada,
quem nunca sentiu o cheiro forte de sabor tão suave
não merece minha simpatia imediata.

quem fuma em excesso,
fuma só por fumar,
e já nem se lembrar mais o porquê,
já nem se lembra mais o prazer,
também não é merecedor desse desimportante sentimento.

e o que dizer dos antitabagistas,
que por algum motivo se consideram mais inteligentes que nós,
achando que não sabemos que estamos lentamente nos matando.

escutem, meus caros.
morram de stress enquanto sento na minha varanda,
ao lado do meu cão e um copo de cerveja,
e acendo meu cigarro.

suspiro.

sinto no ar seu perfume, assim, de repente;
te procuro mas vejo que você não está por perto.

ouço no vento sua voz, assim, ao acaso;
olho em volta, mas você não está aqui.

imagino a sua presença, assim, a todo momento;
mas não, você não está do meu lado.

se por um segundo eu tentar parar de pensar em você,
esse segundo vai me levar à ruína.
então fico o dia todo com a mente dominada,
mas não por quê me obrigo,
não por quê me forço,
mas por quê é natural.
desaprendi a não pensar em você.
desaprendi a não te adorar.
desaprendi a não ser teu.

modern times

jalecos brancos me atendem num prédio.
paletós negros me atendem no outro.
um boné coloca gasolina no meu carro.
um avental preenche de cerveja o meu copo.
um uniforme escolar passa de bicicleta.
uma farda me manda encostar,
e uma roupa velha me pede uma moeda

as pessoas não têm mais face.
só tomei conta disso ao perceber que também sou assim:
visto como um corpo sem rosto.

terça-feira, 6 de maio de 2008

aquecimento. alongamento. pronto para entrar.

aqui estou novamente,
sabendo que ela ainda continua na corda bamba.

triste o fato de ela mal saber que sou eu quem está do outro lado da corda,
mas também sou eu quem está lá embaixo para segurá-la caso ela caia,
pois é tão forte o que vem de mim, que me divide em dois,
e fico de feliz se vê-la feliz;
e fico feliz se conseguir tirá-la da tristeza.

sei que consigo ganhar essa luta,
sei que saio desse ringue com a vitória.
caso não seja por nocaute,
sei que venço pela súmula.

só peço forças para me manter em pé,
que meus joelhos não beijem o chão gelado,
que meus olhos encarem o vento frio com brilho,
brilho de saber que a felicidade está por vir.

domingo, 4 de maio de 2008

desejos

quando a luz no fim do túnel
se mostra verdadeira,
você vê a esperança,
a vê palpável,
a sente no peito.

sei que ainda posso ser feliz
sei que ainda posso fazê-la feliz.

mentiras terríveis escorreram,
palavras fluiram sem consentimento.
o arrependimento eterno
cutuca minha alma até o âmago.

mas sei que há volta.
quando vejo os seus olhos brilharem,
quando vejo que se prendem aos meus
do mesmo jeito que os meus se prendem aos dela,
sei que ela acredita em mim.

quando minha boca treme em desejo,
e a tua sorri o sorriso mais lindo já sorrido,
sei que tenho minha chance de ouro.

sei que ela sente a responsabilidade de ser tudo pra alguém,
sei que ela sabe que a felicidade pode estar na frente dela.
sei que ela pensa às vezes que a solução para os problemas dela está ali,
apesar de isso a deixar confusa,
e também sei que ainda consigo fazê-la minha.

será possível que tal parvo inconsequente,
tal garoto tão inocente em seus erros,
tão cego de paixão que só busca o perdão,
será que tal rapaz pode ter a honra,
a grande honra que é seu maior sonho,
de entregar seu fértil coração em mãos
de pessoa tão ideal?

reine sobre mim,
seja minha rainha.
sei que sou feliz assim,
e sei que você será feliz também,
sendo eu o teu rei.

sábado, 3 de maio de 2008

saudades

se eu tivesse o controle do tempo,
deixaria o mês que passou no repeat.
me chamem de egoísta,
nisso sei que sou
e aceito a condição.

este post não merece ser entitulado.

encaro as ruas,
tortas e longas mas com destino certo,
que me deixam em casa,
não em conforto,
mas em casa,
como se fossem pequenas pontes.

as ruas parecem curtas,
parecem retas.
me iludem em suas curvas,
subidas e descidas.

meu coração me mostra um caminho curto, reto.
mas também me ilude em suas curvas, seus morros,
e ainda sabota as placas que me guiam.
me esconde o caminho.
me coloca em sinuca e mata a quinze.

minhas pernas andam
e meu coração desanda.

a fé que levava no coração esperançoso,
agora está toda nos músculos que me movem.
as pernas que não falham,
que me garantem a chegada,
talvez em frangalhos,
mas finalmente a chegada em algum lugar.

com alma sem forma,
vazando pelos poros,
e o amor desperdiçado escorrendo,
deixando um rastro de sangue invisísel
que logo será consumido pelos ávidos seres,
seres que escondem serem tais seres,
seres que nunca tiveram a oportunidade de amar,
eu sigo pela rua.

os estrelas acesas fazem companhia ao meu cigarro,
meu único amigo neste momento solitário.
cada estrela simboliza um grande amor desperdiçado,
e eu olho pro céu e vejo uma estrela nova.

nos meus sonhos, amanhã tudo estará bem.
resolvido e acertado, com dois felizes
aproveitando a dádiva que têm.
acordo triste e só peço uma coisa:
que consiga erguer a cabeça
e não chorar.
um sorriso já seria pedir demais.

sem título 2

seria pedir muito
pra que as nuvens sumissem do céu
e os postes se apagassem
pra que na minha caminhada
pudesse ver e ouvir a lua,
única coisa no universo
que está assim,
tão blue como eu?

sexta-feira, 2 de maio de 2008

sem título 1

queria ter quem me tivesse.
queria ter carinho desse alguém.
queria depender desse alguém.
queria ser fiel a essa pessoa.
queria ter alguém para considerar a coisa mais importante de todas.

em outras palavras, queria ser um cão.

devorado vivo.

o clima é perfeito para dia tão imperfeito.
o vento sopra, o frio invade os lares e gela todos os corações.
o céu volta a nos molhar com suas lágrimas a todo momento.

palavras erradas no momento errado.
o que poderia ser maravilhoso,
agora só conhecerei nos meus belos sonhos.
como pode um alguém tão desleixado
ainda estar aqui entre os vivos?

a televisão urra e grita, mas eu não ouço nada.
escuto um velho blues chorando ao som
e choro junto o choro mais sincero já chorado.

quem pode dizer que não ser amado pela pessoa amada
não é a pior coisa que pode acontecer a uma pessoa?
as palavras de repúdio me foram atiradas à bala de canhão.
minha alma está furada, mas ainda não deixo a essência vazar,
enquanto minhas pernas agora fracas tentam me manter em pé.

o que fazer quando os mais próximos se tornam os algozes?
o que fazer quando é quem sempre jurou que te amou
é quem te faz perder a única coisa você já amou de verdade?
o que fazer quando a única saída é a faca ou a estrada?

me despeço sentindo o fino fio de água descendo a bochecha.
se não posso fazer feliz quem me faz feliz
que posso ser eu nesse mundo?
me chicoteio quando a todo momento lembro
de como sentirei tua falta.
da tua boca, do teu sorriso e dos teus olhos.
do teu corpo e do teu calor.
da tua cabeça perfeita.

sempre me considerei azarado, mas posso dizer já que sou sortudo,
pois tive o que poucos tiveram e o que todos desejam:
um período de pura e verdadeira paixão e felicidade.
invejem-me, ao me verem de costas caminhando contra o sol.